Sindppen-RN repudia fala do secretário da Administração Penitenciária
O Sindppen-RN repudia veemente a fala do secretário da Administração Penitenciária, Pedro Florêncio Filho, que atribuiu aos Policiais Penais o contágio do coronavírus dentro do Sistema Penitenciário potiguar, chegando a chamar a categoria de irresponsável. "Quem vai levar o vírus para dentro do Sistema Penitenciário são os Policiais Penais. Eles se infectam nas ruas e vem trabalhar", disse o titular da Seap.
Esse tipo de comentário, em qualquer momento, seria considerado infeliz e maldoso. No atual cenário de crise, soa ainda mais grave, sendo também leviano e irresponsável, pois tem por objetivo denegrir a imagem de toda uma categoria e, pior ainda, aumentar a instabilidade dentro do Sistema Penitenciário.
Talvez falte ao senhor Pedro Florêncio instrução intelectual para ter a consciência de que uma pandemia, como a do coronavírus, não escolhe a quem atingir e quando atingir. Talvez falte ao secretário discernimento para reconhecer que um vírus é um inimigo invisível e difícil de ser combatido.
Vale lembra que várias das ações adotadas no Sistema Penitenciário foram conseguidas através de iniciativas do sindicato e de todos os Policiais Penais, que trabalharam arduamente, sendo a única categoria que colocou literalmente a mão na massa, fazendo desinfectação do ambiente de trabalho, através de higienização com água sanitária, instalando pias nas unidades prisionais, e correndo atrás de outros equipamentos de proteção.
Mesmo assim, essas medidas ainda são insuficientes, pois os EPIs mais eficazes na prevenção à doenças precisam ser aqueles adequados para os profissionais de saúde e segurança. Máscaras de pano apenas amenizam, mas não matam vírus nem impedem a circulação dele. Portanto, os Policiais Penais, assim como o secretário e demais profissionais, não têm como controlar a entrada ou não do coronavírus nas unidades, pois não existe detector de vírus nos presídios.
O secretário, ao invés de acusar, deveria fazer seu papel de gestor e buscar a realização de testes rápidos junto ao Governo e às prefeituras. Ao contrário disso, ele expõe os Policiais Penais ao risco ao estabelecer a custódia de preso em uma enfermaria do Giselda Trigueira, estando eles protegidos apenas por máscara de tecido.
Na falta de uma boa gestão em momento de crise, habilidade que poucos desenvolvem, o secretário prefere atacar injustamente esses profissionais que, diariamente, arriscam suas vidas, agora mais do que nunca, para manter a ordem e disciplina no Sistema Penitenciário. Os Policiais Penais não são responsáveis pela circulação do vírus, assim como não são os médicos, os enfermeiros e os demais profissionais da linha de frente.
Como boa parte da sociedade tem reconhecido, esses guerreiros que não podem ficar em casa neste momento são trabalhadores essenciais, que continuam exercendo suas atividades por extrema necessidade social. Por isso, acreditamos que o secretário Pedro Florêncio está perdendo o equilíbrio emocional diante desta pandemia, deixando de seguir orientações do próprio Governo do Estado, que tem pedido união de esforços e não acirramento de ânimos. Dessa forma, infelizmente, o secretário perdeu todo o respeito e consideração que os Policiais Penais tinham por sua gestão.